A true story - descobrindo o meu nome
No Brasil, muitos descendentes de japoneses tem a tradição de colocar um nome japonês, no meu caso Kiomi (abrasileirado), Cinthia Kiomi Mori. Eu não fazia ideia que Kiomi era considerado um “segundo nome”, já que no Brasil se fala muito em “nome do meio” ou “nome japonês” e fui descobrir no pior modo possível, quando estava correndo atrás da minha documentação na Itália para o casamento, a Nulla osta.
Na hora de preencher os documentos italianos tem os espaços certinhos para: primeiro nome, segundo nome e sobrenome.
E foi então que surgiu todo o problema.
No meu passaporte brasileiro o meu sobrenome aparecia como “Kiomi Mori” e no documento da Nulla osta só “Mori”. Logo, eles não podiam nos casar porque seriam pessoas diferentes. Resultado? Isso me custou uma viagem a mais ao nosso consulado em Milão para fazer um passaporte novo. A parte positiva é que eu poderia finalmente me casar, meu passaporte ficou pronto na hora e ganhei mais alguns anos de passaporte válido. A negativa, muito dinheiro e tempo gastos desnecessariamente.
Como se não fosse já o suficiente, adianto que sabendo desse problema, quando meus pais foram renovar o passaporte deles no Brasil, eles não puderam fazer na forma correta. Isto é, o consulado no Brasil se recusou a deixar no espaço de “sobrenome” só o nosso verdadeiro sobrenome “Mori” e agora todos nós fazemos parte de uma família completamente diferente de acordo com os nossos passaportes.
Resumindo num exemplo:
MINHA MÃE
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MEU PAI
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MEU IRMÃO
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EU
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NOME COMPLETO
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Neusa Yumi Yamaha Mori
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Newton Akira Mori
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Erick Akira Mori
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Cinthia Kiomi Mori
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SOBRENOME
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Yumi Yamaha Mori
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Akira Mori
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Akira Mori
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Mori
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NOME
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Neusa
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Newton
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Erick
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Cinthia Kiomi
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A minha mãe faz parte dessa família “Yumi Yamaha Mori”, meu pai e meu irmão pelos menos são da mesma família “Akira Mori”, e eu sozinha levando o nome da minha família para frente, “Mori”.
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Já foi correndo dar uma olhadinha no seu passaporte?
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Gente, que confusão. Eu não entendia porque era tão importante essa coisa do exato sobrenome. Eu sei que é legal falar que vc faz parte da família X e até brincar em família com irmãos, primos e tios observando as características mais fortes que passam de geração pra geração. Mas, pra falar a verdade eu não me importaria se no meu passaporte continuasse "Kiomi Mori" no sobrenome, porque é só um papel. Tudo bem, entendo que é importante, afinal, são documentos.
Agora, tenta explicar isso pra um italiano? Eu lembro que quando tudo isso aconteceu a família do meu marido surtou. Era um absurdo para eles que uma coisa do gênero pudesse acontecer. Aqui as pessoas se conhecem e reconhecem pelo sobrenome. Lembre-se que a maioria das cidades são pequenas e até mesmo nas cidades maiores, os bairros viram como cidades pequenininhas. Falar que eu sou casada com um filho da família Rimini, muda todo o contexto porque assim eles conseguem rastrear o histórico de todas as gerações e entender se vc é uma pessoa boa ou ruim. Sim, o dia-a-dia de um italiano é cheio de preconceitos bons ou ruins.
Resumindo, estejam atentos ao preencher documentos importantes!
E vc já passou por alguma situação parecida?
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